domingo, 3 de abril de 2011

Maquiavel e Guerra de Canudos

Maquiavel tem como intuito central de sua análise política, descobrir como pode ser resolvido o inevitável ciclo de instabilidade e caos, onde esta  instabilidade social vem da oposição de duas forças que são: a do dominador (o qual quer dominar e oprimir o povo) e a dos dominados (o povo que não deseja ser dominado). Um exemplo de instabilidade gerada por essa oposição foi à guerra de Canudos.


Na Bahia do século 19, a situação era precária, a sociedade brasileira era demarcada pelo patriarcalismo com base em famílias possuidoras de grande propriedade fundiária formando a classe dominante e detentora do poder, apresentando um cenário de miséria em relação às outras classes.

Antonio Conselheiro (que se dizia enviado por Deus) defendia, que os homens deveriam se livrar de tais opressões e injustiças; Adotava um conceito cristão primitivo como base para estabelecer a ordem, abolir os maus da Republica e a desigualdade social. Com esse discurso reuniu muitos seguidores e formou a comunidade de Canudos (ou Belo Monte), a qual não estava sujeita ao governo.  Como mostra o trecho da profecia encontrada em Canudos: “[...] Há de aparecer um Anjo mandado por meu Pai pregando sermões pelas portas, fazendo Povoações nos desertos, fazendo Igrejas e Capelinhas e dando seus conselhos. [...] Neste dia quando sair com seu exército terá a todos no fio da espada, deste papel da república – o fim desta guerra se acabara na casa Santa de Roma e o sangue há de ir até a junta grossa.


Desse modo o poder local, Igreja e coronéis, passaram a vê-los como uma ameaça já que a Igreja perdia fieis e os coronéis mão de obra.  Padres e coronéis assim como, intelectuais e jornalistas, convenceram o governo da Bahia a tomar providências, fazendo com que tropas republicanas passassem  a atacar Canudos, mesmo porque o governo por si só não conseguiu conter tais movimentos. Com a ajuda da república que estava mais bem equipada e organizada, conseguem vencer os sertanejos.
Este movimento foi um dos mais sangrentos e desastrosos já presenciados pelo Brasil, onde milhares de pessoas morreram de fome, miséria e muitos degolados, a república não teve dó nem piedade na hora de combater os revoltosos.


 Neste contexto histórico, notamos idéias Maquiavélicas, onde uma delas é: “os conflitos são fonte de vigor, sinal de uma cidadania ativa, e, portanto são desejáveis”;  aplicando essa idéia em canudos, nota-se que este conflito foi desejado pelo povo, que acreditando obter vitória poderiam exercer sua cidadania perante uma república sem direitos.
 Consequentemente percebemos a fortuna, que segundo Maquiavel é uma Deusa que possui os bens que todos os homens desejavam: honra, riqueza, glória e poder. E essa mesma Deusa que é responsável por oferecer a situação para o Príncipe agir que em relação ao que encontramos nesta guerra é a luta pela cidadania.


Maquiavel também diz que há uma força superior a fortuna que é a virtú, essa mesma que dita a capacidade de impor a vontade do Príncipe em situações difíceis (é a maneira com que ele irá agir ao se deparar com a fortuna) onde nesta guerra  podemos encontrá-la nas atitudes dos republicanos que pela repressão e violência chegaram aos seus objetivos, que seria nada mais que a manutenção do governo em vista da ameaça que era Belo Monte. O governo então se mantém no poder pela represaria e força, mas com virtú; "... o poder se funda na força, mas é necessário virtú para se manter no poder”.


 Outra idéia aplicada neste contexto seria a virtú obtida por Antônio conselheiro, já que ele conseguiu reger  ou manter o domínio de uma comunidade de mais de 20mil pessoas por meio do amor e respeito de seus seguidores, sabendo agir conforme as circunstâncias, usando a fé e esperança de seus seguidores como alicerce para a submissão, tornando possível o alto grau de organização de Canudos mesmo frente à miséria do sertão. Maquiavel diz que se for ter o respeito da população é melhor ter respeito pelo medo do que pelo amor, toda via vemos que Antonio conselheiro conseguiu ser virtuoso mesmo agindo antagonicamente a Maquiavel.


Podemos concluir que na Guerra de Canudos (fortuna), o Padre Antonio Conselheiro defendia que os homens deveriam se livrar de tais opressões e injustiças que o estado os proporcionava, sendo assim um príncipe de virtude, pois conseguiu reger e manter o poder sobre uma população. Por outro lado o governo se manteve no poder pela represaria e força usada com virtú; “... sem virtù, sem boas leis, geradoras de boas instituições, e sem boas armas, um poder rival poderá impor-se.” 

Perfil - (Eco Mb 1)

Juliana Silva Luziano
Luiz Carlos Assunção Junior
Júlia Zicari Boneder
Christian Shoiti Teruya
Carolina Emi Fukugauti