sexta-feira, 10 de junho de 2011

Marx e Foucault

A partir das idéias de poder, Foucault e Marx se aproximam, por analisar a sociedade sob uma nova visão de controle social. Como Marx, Foucault passa analisar a sociedade e as suas estruturas através da economia e política.
                                                         
Foucault analisa o Estado de forma positiva, concluindo que este gera disciplina e ordem através da vigilância. Com a vigilância é possível observar as pessoas que cumprem as leis segundo o Estado, analisando seus gestos, seus discursos, suas atividades, sua aprendizagem, sua vida cotidiana; desse modo regulamenta a vida das pessoas para que exerçam aquilo que o estado deseja.

A partir da vigilância, o estado consegue punir a população, corrigindo aqueles que vão contra as regras, o que disciplina os mesmos para que mantenham a ordem e o controle. (“Em terceiro lugar, a vigilância é um de seus principais instrumentos de controle. Não uma vigilância que reconhecidamente se exerce de modo fragmentar e descontinuo; mas que é ou preciso ser vista pelos indivíduos que a ela estão expostos como continua, perpetua, permanente; que não tinha limites, penetre nos lugares mais recônditos, esteja presente em toda a extensão do espaço.”)

Pra facilitar essa vigilância, Foucault cria o panopticon de Bentham (olhar invisível). Este sistema seria formado por uma torre central a qual avistaria, vigiaria todos de uma só vez que estão a sua volta já que essa estrutura a volta da torre central era circular. Sendo uma composição arquitetônica de cunho coercitivo e disciplinatório. (... ”dividida em celas obtendo ao centro uma torre com duas vastas janelas que se abrem ao seu interior e outra única para o exterior permitindo que a luz atravesse a cela de lado...”).

Então, Foucault usa essa concepção (tecnologia de controle), para criticar a economia política, mostrando como, mesmo hoje na sociedade moderna, os homens são explorados pelos modelos capitalistas, sujeitando estes a seguirem todas as regras impostas pelo mesmo. É neste contexto que notamos o fundamento usado por ele, quando diz que o homem é explorado (vigiado), em hospitais, escolas, fábricas etc como análogas de prisão,pois em todos esses lugares citados o homem tem alguém ou uma forma que o vigia e supervisiona, podendo disciplinar através da punição.


Marx se preocupou com as relações entre o estado e a sociedade decorrentes do modo de produção do capitalismo, mostrando que o homem é dominado pelo próprio homem, de diversas formas.

Ele vai explicar uma dominação decorrente desde a antiguidade, concluindo que o homem sempre foi explorado em decorrência a manter sua vida.
Em primeiro lugar o homem é dominado pelo outro, pois por não produzir algo que o outro produza, fica submisso a ele quanto à troca desta mercadoria, em segundo plano com o surgimento do mercado, este passa a depender do salário para consumir (comprar) tais mercadorias, para isso vende sua força de trabalho em troca de um salário que mantenha sua subsistência. ´´como alguém que levou a própria carne para o mercado´´
   A impressão que fica na esfera da circulação, ou seja, do comercio,é de que os direitos dos homens parecem estar assegurados. Isso acontece, pois é possível que o individuo  venda sua força de trabalho á quem desejar por meio dos contratos voluntários deixando a sensação de liberdade, assim como por poder trocar mercadorias que possui por equivalentes fica a sensação de igualdade.O clima nessa esfera parece harmonioso pois como diz Marx ´´cada um olha por si próprio...e exatamente por fazerem isso,todos eles de acordo com a harmonia preestabelecida das coisas...trabalham juntos para beneficio mutuo...para o interesse de todos´´.

O homem no capitalismo é explorado, a medida que com poucas horas de trabalho paga seu salário e as demais horas trabalhadas são do capitalista (mais-valia), que obtém o lucro como forma de exploração do homem. No capitalismo o homem tornando-se alienados, pois o Estado como um órgão político imparcial, representar toda a sociedade e dirigi a mesma pelo poder delegado pelos indivíduos. Marx mostrou, entretanto, que na sociedade de classe esse Estado representa apenas a Classe dominante e age conforme o interesse desta.

Hoje, o homem não é só explorado na forma de trabalho ou vigilância, mas pelos meios de comunicação que os impulsionam a seguir modos de vida, por igrejas que a todo instante exploram seus fiéis como forma de obter lucro, moda, modelos, conceitos ditados por uma minoria que faz com que a grande massa, vire escrava destas formas de viver, “necessitando” consumir essas mercadorias.

Ao vermos nossa realidade a partir das teorias de Focault, podemos dizer que a população brasileira acostumou a ser vigiada encarando isso como algo bom. O conceito de segurança vem atrelado à vigilância, e desse modo a vemos como uma necessidade e não como um modo de dominação. Alguns exemplos disso são as câmeras de vigilância instaladas na maioria dos locais, nas casas, prédios estabelecimentos públicos; passando a sensação de proteção.
A partir disso podemos nos perguntar quem domina quem? E a elite possuidora dos meios de vigilância que possibilitam punir? Ou será a classe mais pobre que, muitas vezes, por necessidade invade o espaço delimitado pela elite a encurralando para trás dos muros e grades?
Muitas podem ser as formas de analisar essa questão, mas, do ponto de vista de Focault a dominação vem dos detentores dos meios de vigilância, neste caso a elite.